quinta-feira, 22 de novembro de 2012

Tu que carregas a cruz ao peito
E em preceito
Por norma o seu próprio jeito
Glória na pálida indiferença
Que seja salientado
Império do "mais que perfeito"
O quão a morte te assenta doce flor
Alertem a impressa
Novas de pregar às quatro portas
De quem vem lá
E por sinal acompanhado

E quem quer saber?
Vítima da heregia
E filha de satanás
Há quem abomine paz
E jaz, obtive saliente tormenta
E que se ganhe paciência
Como se a virtude fosse menos que merecida
A tua etnia dá pela crença da ética
Moral existência que se me dispensa
Apresentações, canções e doravante
Já nem pensas, só sacodes pó e gritas
Tão pouco chique, muito embora atrativa
Medo, tanto medo da voz que abana
Faz vibrar, rawr ar ar

Outra mentira
Que se fez passar por sina
Gira etnocêntrica, empina
Há mais sentimento dentre quinas
E lá porque se droga e delira
Não se reduz à inexistência
Que se feche o pano
A guilhotina presencia e julga
Por igual modo as mangas caíram
Rawr ar ar, cansada de esperar
Gemer equivale a fraqueza
E a dor não partilha menos sadismos


domingo, 11 de novembro de 2012

Seu carácter fora traiçoeiro
Difundia tranquilidade
E quem sabe, sabedoria
Toda ela representava um modelo
Vivo, digno e rosa do exemplo
Do fazer por crer, em ser e nada de desdém
Recusava o sarcasmo e abraçava o passado
De mãos dadas com o destino tinha o seu quê de encanto
Aí cão sarnento que ganes à Cinderela
Deixe-mo-nos de conversa que se a dama é bela
Tanto pior, mais cruel será a perda daquela
Que teu coração tomou por existir
Perdi-me nos olhos dela e na suas firmes formas
Queria-me deixar derreter
Junto dela só o calor se fazia sentir
Um fraco palpitar de coração
Coisa sem explicação o medo
Há quem se sinta o mesmo mudando
Eu não fora desses e segui atrás
No carreiro do "deixar cair"

Vi-vos partir rindo na ânsia da aventura
Mundos por descobrir, obras por cumprir
Ruidoso decerto, inspirador...quase
Tão certo quanto me chamar Diogo
Aqui exclamo que nada disso é fixo
A instância da eternidade, sem confusões
Sem demoras que nos levem a contestações
Sem culpas a distribuir, com alegria e simpatia
Para com o fado que se fez parado.
Já alvejo a meta, atrevo-me a gastar as últimas forças?
Como que é a primeira volta?
As pernas já cedem e também assim o fogo cessa
Fraco, aí de mim fracasso, outro rótulo
Olham-me nos olhos e sabem-me todo
Cima abaixo e inclusive por dentro?
Tomara possuir tamanha confiança nesse poderio
De que se servem, a adivinhação
Seria contente por controlar e sereno por efetivamente saber
Nada de fingir, em concreto desfrutar das capacidades
Sejam elas quais forem
A que me ligam feito múmia

É na juventude que o encanto se perde
Dizem
É agora que se deve aproveitar a vida
Dizem
E não penso durar tanto se a história se prolonga
Não me colhe a atenção
Me prende servo das páginas seguintes
O único jogo que não pretendo acabar
Sem nada mais a provar
Que não a devoção a praticamente nada
De corpo pesado
Porque tudo o que possuo foi roubado
Clandestinamente desviado
Com intuito de agradar a quem sonha acordado
Meu sonho mesmo era volver à era do dormir deitado
Na campa descansado e sem rodeios de chateado
Lembrei, é falso, minhas cinzas esvoaçaram qual vendaval
Tudo o que se precedeu não passou de um conto mal encenado

terça-feira, 6 de novembro de 2012

O mar que tudo desvendou
Quantos de nós mataste desde então?
De vontade num só trago nos devoraste
Inquietantes laços de sangue rasgados
Do desgosto à desgraça num perder da esperança
Só um louco vos prometeria vingança..

O mar tudo cerca
O cerco aperta
E sem pressa a nossa morte aproxima-se
Tão certa e depressa que espinhosa
Juramos prontamente que é desta!
Quando se adivinha trovoada a coragem se esquece
Do dever de contrariar o temor
Invadidos pelo terror
Uma fixa sensação de gélida dor
Bem sei que não retornarei
Que desde logo ao mar tudo coube
Este colosso inegável
Que demasiados chacinou
Indiferente à conquista
Semeando crueldade
Ignorando a revolta em redor
O derradeiro monstro
Que faltou domesticar
Enquanto teu escravo me assumo
Ei de te consumir, ó mar!
E em glória restaurar Portugal!