domingo, 14 de outubro de 2012

Rancor à palavra
Embriagado pela raiva
À beira da estrada
Acusa e soube falar à parca

Teclar um piano
Vagarosamente 
(escondendo incapacidade)
Inadaptado, cromo
De coleção, útil
(e de resto pouco mais)

Que não falte consistência
Infiltrada na seringa inserida
Que nesta vida só mesmo a empírica 
Saída de fingido
De quem papas a língua não toca
Pobre quer-se sem pão e a água
Aprender-lhe a anatomia
Apreender-lhe a autonomia
Embarcar na dura conquista
De outrem em busca de alguém
Uma confirmação que force união
Falece sozinho sem quem o queime
E das suas cinzas esvoaçar
Tão risório que se fragmenta no eco

quinta-feira, 11 de outubro de 2012

Alegria alegria
Aproxima-se o dia
Do teu aniversário

Nosso nosso mesmo só
Só e exclusivamente a Hora
de te fechar os olhos nesta hora
de te sepultar no dia do teu enterro

Choras exclamando juras de amor
Ó bem conheco esses sentimentos
Vêm em turnos e ficam com rodeios
Indiscretos e obtusos dão ares de bipolaridade
Manias de espíritos incertos
Concreto mesmo seria reclamar do Ontem
Do céu encoberto..

Um ano mais velha
Mas nem se trata de uma qualquer Vera..
Trata-se daquela chata era de nostalgia, pequena fera!
Irriquieta espera, bem te conheço.

Descarto a possibilidade de desaparecer
Mais que não tardo, atraso
Refiro-me claro ao Adeus

Sem porquês, alegria alegria
Acima de tudo alegria
Mais que não seja porque hoje é o teu aniversário

E no dia do meu aniversário
A família juntava-se com deleito
Germinavam ecos de encanto
Festividades em força, alegria alegria
Menos que um retrato, um projeto a moldar

Desconhecidos com quem partilhar sangue
Visitas discretas a ignorar, alegria alegria
Aí da chuva, vinde sol, hoje NÃO às tristezas!
Disso vivem as crianças: mimos e esquecimento
Esse apoderou-se com rancor da alegria
Sodomizou-a sem aviso
Ignorância também é castigo..

Hoje envelheces, não a meu lado
Nego-te companhia, dispo-me com palavras
Seco e sem âmago  cuspo no papel

Nada disto importa, hoje só alegria alegria
Vá com entoação no verso, alegria alegria
Que desta nunca basta e nada mais queria
Entra orgia espiritual!
Simpatizante tomba calado
Tolerante fica aquém
'cabou sozinho, não toma partido!
Solidário para com a causa
Solitário por nossa causa
Chumba a cunha!
Amortecido mas tã comovente!
Não respira nem lhe convinha

Verdes são os teus olhos
Tua face ruge
Pescoço pendente

Invejo a tua fúria reflexo sinistro
Espectro, john doe
Desta o tempo não vibrou
Passou simplesmente
Simplesmente odiável
Desprezível, maquiavélico

História desmente-se de facto
Grita que quer dar uma de Van
E morrer azul? Boom headshot
Se "quem conta um conto acrescenta um ponto"
Que a glória seja cremada
O tom fúnebre a festa pelo  negreiro que pareceu