terça-feira, 21 de dezembro de 2010

A tua esperança jaz morta além

Esperança, bem crês na qual sentes ser
Na luz que doura a meu lado
Sois apenas uma gota estagnada na poça
Na poça que jaz além

Esperança, tentadora da fraca carne
Sorrateira te infiltras alma adentro
Corroendo barreiras, quebras o silêncio...
Não entendas o desistir enquanto derrota


Dádiva de existir porque alguém um dia
Se lembrou de nos parir
Brutalidade da primeira inspiração
Que nunca me abandonou
Em muito me traumatizou
E nunca, nunca me deixou..


quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Porque o Desprezo não tem preço

Questiono seriamente

Num claro pasmo céptico

Os derradeiros motivos que te

Permitem erguer uma e outra vez

Novo dia, nova tentativa


Toda essa vã euforia

Qual a Deusa degolada

A quem vós roubaste fascínio e beleza

Enojado comigo mesmo

Beijo-vos uma e outra vez

Amaldiçoando a Natureza, porque sim

Banhada em sangue divino sedes

A mais vil das criaturas, Medusa


O Problema ora lá está

Reside em mim, nunca em ti

"Não és tu, sou eu!"


Adoráveis instâncias de hipocrisia

Lamentáveis traços de satisfação

Amáveis memórias do Ontem

Ilumináveis dias do Amanhã

Mas vivo somente o Presente

E não há quem me ofereça uma solução


Não quero eufonismos

Não quero simplicidade

Não quero nada...


Estamos em saldos

Quer tudo fora daqui...

Que se leve tudo

Tudo sem excepção!


Porquê tanta admiração?

Aproveitem esta ocasião

Para se rodearem de bens sem utilização

Aqui tendes a minha real e concreta apreciação


O dinheiro, que farei com ele?

Jogarei fora com desprezo

Nas brasas do meu coração constrangido


Eremita no mais distante covil

Meditarei sobre nada

Sou egoísta a esse ponto

Dono nem de mim mesmo

E livre como só a mim me convém


Morte ao prisioneiro!

Morte ao prisioneiro!

Morte ao prisioneiro!

Que a Culpa, essa

É fatalmente do prisioneiro...

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Fulminado por um olhar...

Será que me atrevo

A derrubar todas as barreiras que construí

Por entre as trevas que me nutriram o espírito

Tornaram-me efectivamente aquilo que sou hoje e sempre

Contudo é hora de deixar o berço

Esvoaçar do ninho e guiar-me pelo Sol

Planar por entre planícies e montanhas

Seja por capicho ou por desejo necessito de reecontrar

Aquela Luz que me fascinou mal havia nascido

Cego, mudo e assustado vi o paraíso

Não durou um palpitar do meu coração

Mas senti ter descoberto logo ali o meu único fundamento

Sentido da minha existência por onde te escondes?

Talvez não te escondas...

Talvez estejas novamente a mostrar-me o caminho

Através das tuas misteriosas formas

Fascinante é realmente o cegar para com o resto

Mas ver com olhos de ver este admirável Mundo Novo

Tornado realidade ante meus velhos e cansados olhos

Que surgiram mais brilhantes após te contemplar novamente...

Narciso admirando a Natureza

Flor que brota entre as silvas

Joaninha que pousa entre mal-me-queres

Emanas uma aura de tranquilidade

Inquieta-me o sossego

Serás tu diferente?

Ou apenas o padrão da normalidade

Neste caos de insanidade

Juntemos as mãos e simplesmente

Seremos sem capicho de satisfazer

Os desejos alheios, seremos simplesmente

Algo que contrarie este Mundo