domingo, 27 de março de 2011

Dar à Costa

Em vestes rasgadas
De costas voltadas
Suportando poses desgastadas
Cuidadosamente se aborrece

Subitamente... êxtase!
Nova maravilha última
Incomum e basta

Suspeita rígida
Frígida até
Resposta a que preces,
Se sois descrente
Desgraçado descendente

Nega...
A recusa da felicidade
Confessa...
A tua genuína afinidade
Foge antes que seja tarde...
À deriva com deleito
Admito, sem jeito!
Contente sou sozinho
Em Mundo de mudança
A inconstante fascina-me
O que ficou por cumprir
Ficou no esquecimento

quarta-feira, 9 de março de 2011

Acamado em ressaca

Ao beber para esquecer
A doença apodera-se de mim
Sou compulsivo na desilusão
A expectativa quebra-me
Espiritualista incompreendido

A dor não desvanece
O meu mal é outro
Enche-me de drogas e afins
Torna-me um zombie sem mente
Torna-me imune à psicose
Que tão cruelmente recai
Sobre minha pesada alma

Porquê sair de casa
Se irei morrer de stress?
Porquê enfrentar o Mundo
Se só me fazem querer desaparecer?
É uma lenta forma de suicídio

Acamado de ressaca
Medito sobre meu destino
Qual futuro me resta agora
Que nem sei onde estou
Porque sou
Para onde vou
O que levará a levantar?
Quem me obrigará a continuar...

Não me dês atenção
Que não a quero
Oculto no escuro
Sofro do coração
Arrasta-me para baixo
Mas move-me, vá lá!
A inércia é tua amiga
Está quieto!
A cura não tarda
Espera sentado
Cansaste menos
Ignora tudo e todos
Crê plenamente em mim
Porque se te iludes a ti mesmo
Mais vale permanecer assim...

segunda-feira, 7 de março de 2011

Arrepender é matar saudades

Este estranho mal-estar
Incomoda-me ao de leve
Como uma borboleta no meu estômago
Importuna-me nas horas mortas

Perante tão variado leque
Tanto por onde optar
Há razão para duvidar...

A dúvida embebeda-me
Deixa-me tolo e tonto
Terrível néctar esse
Completamente letal
Confuso e algo atordoado
Arrasto-me para longe
Mas qual minha sombra
Não me largaria por nada

Detestável mau hábito,
Arrepender é matar saudades

quarta-feira, 2 de março de 2011

O Cálice

Desolado e estoirado
Profunda violação penetrante
Encerra ainda represálias
Cujo rumo se escreve a sangue

O engano é forte
Tremendo aliás
Venenoso e duradouro
Prevalece contrafeito
Na alegria do soturno

Noite de luar
Deslizar, divagar a céu aberto
Ilimitado é a adrenalina
De quem salta o penhasco
A resgatar a bela caída

Julieta espera-me
A morte ide unir-me a ti
Para lá desta vida, serei teu
Devoto assim, Romeu...