Questiono seriamente
Num claro pasmo céptico
Os derradeiros motivos que te
Permitem erguer uma e outra vez
Novo dia, nova tentativa
Toda essa vã euforia
Qual a Deusa degolada
A quem vós roubaste fascínio e beleza
Enojado comigo mesmo
Beijo-vos uma e outra vez
Amaldiçoando a Natureza, porque sim
Banhada em sangue divino sedes
A mais vil das criaturas, Medusa
O Problema ora lá está
Reside em mim, nunca em ti
"Não és tu, sou eu!"
Adoráveis instâncias de hipocrisia
Lamentáveis traços de satisfação
Amáveis memórias do Ontem
Ilumináveis dias do Amanhã
Mas vivo somente o Presente
E não há quem me ofereça uma solução
Não quero eufonismos
Não quero simplicidade
Não quero nada...
Estamos em saldos
Quer tudo fora daqui...
Que se leve tudo
Tudo sem excepção!
Porquê tanta admiração?
Aproveitem esta ocasião
Para se rodearem de bens sem utilização
Aqui tendes a minha real e concreta apreciação
O dinheiro, que farei com ele?
Jogarei fora com desprezo
Nas brasas do meu coração constrangido
Eremita no mais distante covil
Meditarei sobre nada
Sou egoísta a esse ponto
Dono nem de mim mesmo
E livre como só a mim me convém
Morte ao prisioneiro!
Morte ao prisioneiro!
Morte ao prisioneiro!
Que a Culpa, essa
É fatalmente do prisioneiro...